sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

... (vazio)


Dias como hoje/ontem deveriam ser pulados. Alguns dias são lembranças, são lembrados, mas o motivo não é o melhor possível. Dias assim, que fazem a gente lembrar de algo que machuca deviam ser como feriados. Nem que fosse um feriado exclusivo, um feriado só meu, um dia que passasse em branco só pra mim. E quando digo em branco, é totalmente em branco, que nada acontecesse, que eu não tivesse tempo pra pensar, que eu não pudesse chorar e que eu não tivesse espaço pra sentir nenhum tipo de aperto, seja no peito, na garganta, na fala, nos olhos.
Eu não queria que o dia de hoje existisse. Não propriamente o hoje, mas o hoje antigo, aquele de 9 anos atrás.
Ainda é tão difícil pensar nisso e dói tanto. Dizem que a dor passa, diminui, mas só quem sente sabe. A dor dilacera, ela dói cadaz vez num pedaço diferente, em algum lugar que estava incoberto ou oculto. Quando você acha que não vai doer tanto, dói e dói muito.
É como se a palavra dor não significasse nada perto do que sente. Como se ela fosse muito branda pra descrever...
E a dor vem de todos os lugares... tudo em que você pensa pode doer. A dor de não ter, a dor de ter sido privada do que todos tem, a dor de não sentir mais, a dor de não lembrar de tudo, a dor de não ter dito tudo, a dor de não poder dizer, a dor de não abraçar, a dor de não ter amanhã, a dor de não poder fugir, a dor de parecer pesadelo, a dor de sentir falta de cada pedacinho. E tantas outras coisas indescritíveis, que só doem.
E o pior, é quenão importa o que venha, o que o mundo traga, o que eu alcance, lá no fundo, eu NUNCA poderei estar totalmente feliz. Porque eu precisava dela pra isso...